Saturday, September 17, 2011

Sir Francis Galton

Perto de onde eu moro, há uma praça intitulada de "Praça Santos Dumont". Mesmo durante o dia, ela é habitada por mendigos, hippies, maconheiros, universitários pseudo-comunistas, enfim, toda a desprezível escória da cidade de Florianópolis.

No entorno dessa praça há diversas vagas para se estacionar, as quais são diligentemente guardadas por "flanelinhas". Flanelinhas, na realidade, são mendigos um pouco mais astutos que ficam admoestando os incautos, a fim de obter uns trocados para comprar cana e entorpecentes.

E ali do lado dessa praça tem um supermercado, que de "super" não tem nada, mas muitas vezes me vejo obrigado a ir até ele comprar alguns itens emergenciais.

Então, ontem, lá estava eu cruzando a praça para ir ao referido mercado, quando me deparo com uma cena, no mínimo, lamentável.

Um flanelinha, totalmente embriagado, fazendo gestos de caratê, dandos socos e chutes no ar, enquanto berrava a plenos pulmões para alguém que só ele conseguia ver, ipsis litteris:

- Vem cá se tu homem. Vem cá! *grunhidos inteligíveis* Eu comi a tua mulher por trás, seu otário. Fiz a festa na buceta dela!

Nisso, passa uma pobre mocinha, a qual é interpelada pelo sujeito nos seguintes termos:

- Aquele cara não vale nada! Volta aqui, seu cagão!

Visivelmente constrangida, em silêncio, a rapariga apressou o passo tentando se desvicilhar do drogadito. Indiferente, o sujeito voltou a chutar o ar, enquanto agitava freneticamente as mãos, e fazia com a boca a sonoplastia de seus golpes.

Lamentável.

Monday, September 12, 2011

dependência + internet + tratamento

Hoje fui cumprir um mandado de intimação numa longínqua localidade da Ilha da Magia.

Cheguei na frente da casa e tive que bater palmas, sentido-me um completo paspalhão, uma vez que Florianopólis é uma cidade em que as residências não tem campainha.

Dai tá, me aparece a intimanda de pijama, pra variar. Isso numa segunda-feira às 11h da manhã.

Enfim, inicio meu monólogo padrão. A mulher assina a parada e eu dou uma via do mandado pra ela.

"Mas que que eu faço agora?", a mulher pergunta.

Faço uma longa explanação sobre o que ela deve fazer, a qual poderia ser resumida em uma única frase: "ligue pro seu advogado, mas antes que eu conclua meu raciocínio, a mulher me pergunta "tu é de onde?"

"Como assim 'de onde eu sou'"?, indago, aturdido.

"De que estado tu é?", ela torna a perguntar.

"Sou de Santa Catarina mesmo, de Blumenau", na realidade, como é do conhecimento dos inexistentes leitores deste blog, eu sou de Gaspar, mas quando me perguntam de onde eu sou, sempre digo que sou de Blumenau, por que ninguém conhece Gaspar, dai se eu digo que sou de Gaspar, nego faz aquela cara de cu e eu tenho que ficar explicando onde fica a porcaria da cidade de Gaspar no mapa de Santa Catarina, o que, no fim, não faz diferença nenhuma, por que o cara nem vai passar a saber onde fica Gaspar depois da minha explicação, inclusive por que, niguém dá a mínima pra Gaspar. Assim, eu facilito a vida de todos simplesmente dizendo que sou de 'Blumenau', que é uma cidade igualmente ruim, vale mencionar.

"Ah", ela diz, "é que eu sou de São Paulo, e tu não tem sotaque de catarinese, tens sotaque de paulista ou paranaense".

"Porra, sotaque de paulista/paranaense? Tá me tirando, mano? Perdeu a noção do perigo, o medo da morte? Ninguém me chama de Paulista, ou, pior ainda, de Paranaense", foram as palavras que me passaram pelo celébro naquele instante.

Contudo, externalizo apenas um consternado balançar de cabeça e os lábios contraídos. Despeço-me. Parto, em silêncio, pra próxima casa sem campainha.

Wednesday, September 7, 2011

reality show com lutadores de MMA

Então, essa semana, fui cumprir um mandado de intimação lá na região noroeste da Ilha da Agônia.

Após ficar meia hora batendo palma e buzinando na frente da casa de nº 210, me aparece na janela a intimanda. Era uma segunda-feira, 13 hrs da tarde, e a mulher tava dormindo. Porra, que tipo de pessoa tá em casa às 13 hrs da tarde de uma segunda feira dormindo?!

Mas enfim, me identifiquei, li o teor do mandado e pedi pra ela assinar a minha via.

"Ah, e seu eu não quiser assinar?", foi a primeira coisa que saiu da sua boca.

"Pra mim isso é indiferente, minha senhora, eu tenho fé pública e vou simplesmente certificar que a senhora se negou a assinar o mandado", foi minha resposta.

"Ah, então bota ai que eu não tava em casa", ela sugeriu...